quarta-feira, 12 de maio de 2010

Taubaté e as apostilas na construção do conhecimento

de: cesgouvea@sabesp.com.br
Tenho acompanhado há algum tempo a discussão sobre o sistema apostilado no ensino público municipal adotado em Taubaté. Questões sobre conteúdo, licitações, aplicabilidade e outras me fizeram levantar alguns questionamentos e pensar em sugestões.
Partindo do princípio que livros e apostilas não conseguem encerrar todo o arcabouço de conhecimento – mesmo que básico – a ser construído em sala de aula por alunos e professores e tendo em vista a política, o planejamento e as grades curriculares que vão explicitar os objetivos que se pretende alcançar pelo poder público municipal, os materiais didáticos servem prioritariamente como base para o trabalho dos professores. Ficar apenas na apostila, sem enriquecer seus conteúdos com exemplos mais próximos da vida da clientela não é a atitude esperada dos mestres.
Ora, penso que Taubaté já tem história, estrutura intelectual e repertório cultural suficientes para criar seu próprio material didático. A Universidade de Taubaté, autarquia da própria prefeitura, tem especialistas, mestres e doutores em todas as áreas do ensino fundamental. Taubaté tem História, Geografia, Hidrografia, Ecologia, além de muita contribuição própria para o Português, Literatura.
É possível sair da nossa Universidade, com apoio de professores e dirigentes de ensino, com avaliação constante dos nossos professores, o melhor e mais apropriado material para o ensino das nossas crianças. A universidade pode ser contratada sem licitação. Em vez de gastar o dinheiro dos taubateanos com alguma instituição do país, que se gaste com a Unitau.
Com isso, todas as áreas do saber fariam o caminho do local para o global e vice-versa. Já pensou os enunciados de Matemática enriquecidos com problemáticas regionais? Textos de Monteiro Lobato também ilustrando o Português? As Ciências tratando de nossa fauna, flora? A História sendo contextualizada também na nossa região? Que mundo a explorar nossas crianças ganhariam!
Conhecer o planisfério sim, mas saber localizar Taubaté também. Saber da História da humanidade, do mundo, do Brasil e... do Vale do Paraíba também. Entrar no mundo de Ziraldo, Maurício de Souza, Ruth Rocha, Eva Furnari, La Fontaine, Andersen sim, mas experienciar o mundo da Emília e de Narizinho também, não somente na Semana dedicada ao autor. Fazer contas a partir do Mercado Municipal, a fórmula da água, a Ecologia, o efeito estufa tendo a ciência da importância do Paraíba do Sul e do Una. Saber da escravidão entendo a data de 4 de março, a segunda guerra e os voluntários que dão nome a nossas ruas, enfim, um mundo a explorar.
Sem ferir os PCSs – que, diga-se, são apenas parâmetros, não diretrizes inflexíveis – as apostilas taubateanas poderiam ser uma grande oportunidade da construção de conhecimentos para alunos e professores. E este não é o principal objetivo da Escola?
Pensemos nisso.

CARLOS GOUVÊA

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